Criança é bem Aparecida

Criança é sempre bem aparecida, então é pura sincronicidade seu dia ser comemorado com o da Nossa Senhora Aparecida. Minha infância é inesquecível, aos domingos meu pai me colocava na garupa da bicicleta e iamos para a Praça XV, mas precisamente para o trapiche do Miramar assistir as competições de remo, sempre torcendo pelo Riachuelo de cores azul e branca. Meu pai tomava uma Faixa Azul e eu um guaraná antártica. Está claro em minha retina a Florianópolis daquele tempo, os ônibus de cor azul circulando a praça, o mar azul batendo na mureta onde eu me sentava para esperar a competição, e o infinito céu azul a me convidar para um futuro feliz. A noite eu assistia meu pai jogando futsal no SESC pelo time da Koesa, sempre tive a certeza de que ele é o melhor goleiro do mundo, o mais bonito, o mais charmoso, o intransponível Matagato.

Durante todos os dias da minha infância acordei sentindo o cheiro dos eucaliptos que circulavam o Adolfo Konder, o som dos pés que chutavam a bola e o desfile dos avaianos indo para o campo. Claro que hoje ainda sou uma criança bem aparecida, uma criança que sabe apreciar com paixão os sons, os cheiros e as cores que circulavam meu mundo infantil e me apaixonar por eles levada pelas mãos do meu pai: o cheiro forte dos eucaliptos, o som do chute que dá vida ao futebol e as cores Azul e Branca.

Feliz nós somos, Crianças Bem Aparecidas!

(Foto: Minha família no carnaval do Clube XV, em 1963)