sábado, 15 de setembro de 2012

O torcedor e os outros


Desde pequenos aprendemos que no jogo não se vence sempre.
Por isso o esporte ultrapassa os limites da atividade física, ele nos ensina que a derrota existe. 
Que existe alguém que pode nos vencer.
Vou tentar me aprofundar nas questões éticas e morais que um jogo pode dar a nós humanos.
(Mesmo sendo somente uma torcedora e assim, correr o risco de torcer o que não pode e  não deve ser torcido).
As pessoas com um QI normal sabem que não se vence sempre.
Nem por isso o futebol, o jogo com os resultados mais injusto e menos previsível que qualquer outro jogo, deixa de arregimentar torcedores. 
O futebol é mágico e apaixonante justamente por isso.
Em campo ele pode ser assim.

Quando a imprevisibilidade futebolística ultrapassa os limites do gramado o torcedor, que torce e distorce, se contorce no recolhimento e é vencido.
Vencido não pelo adversário, mas por outros.
Outros que não torcem.
Os que determinam quanto vale um torcedor;
Quanto vale um jogador;
Quanto vale uma parceria;
Quanto vale um ingresso;
Quanto vale uma camisa.

Todos nós sabemos que perder faz parte do jogo. Eu já disse isso.
Voltamos sempre ás arquibancadas na esperança de ludibriar o fanfarão e imprevisível deus do futebol.
Vencer quando se joga mal ou vencer com um gol ilegal; se do nosso time enganamos o fanfarrão, se for contra nós, o fanfarrão nos amaldiçoou.
Nunca sabemos que camisa Ele está vestindo quando o jogo começa.
Não tentem nos culpar de nada.
É heresia colocar em cima da torcida a culpa por derrotas ou estádios vazios.
O torcedor tem ligação direta, sempre e somente, com seu deus fanfarão; sua cega paixão e o estádio lotado.

Mas o mundo anda tão conectado que a tudo se sabe em milionésimos de segundos  e o torcedor se vê maculado muitas vezes em apenas 140 caracteres.
Tudo ele sabe.
Escancarada está em rede mundial sua antes imaculada e cega paixão.

Limpa a casa, Avaí! 
Quem sabe ludibriar o fanfarrão deus do futebol é somente o torcedor.
Esse deus sabe que nós adoramos pagar o ingresso.
E estamos contado a Ele, todos os dias, porque as arquibancadas estão vazias.

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