É impossível deixar de ver o esvaziamento dos estádios
brasileiros.
Muitos se preocupam e tentam entender as razões que leva um
povo apaixonado abandonar, deixar de lado se afastar da sua paixão.
Alguns apontam seus dedos na nossa direção.
Ora, quem não sabe que a paixão arrebata, arrasta, se
alimenta sem propósitos, se encarna na pele e arrepia?
Quem não sabe que a paixão tem seus adereços?
Batom, perfume, flores, gravatas com nós impecáveis,
músicas, vinhos.
A paixão pelo futebol tem seus próprios.
Bandeiras, camisas, faixas, gritos de guerra, ídolos, cerveja.
O que sobrou para os que comem as sobras do futebol?
O que sobrou para os apaixonados por esse jogo?
Quase nada. Arrancaram-nos um quase todo.
Ainda podemos comprar e vestir o manto sagrado.
Não sem antes nos impor faltas.
Falta de jogadores identificados com o Clube, a falta de
bandeiras tremulando em nossas mãos, faixas arrancadas, gritos de guerras
sufocados, ídolos no exterior, cerveja no banco dos réus.
Impõem-nos dirigentes corruptos, falências, contratos
milionários que se quebram e nos quebram, evasão do que é nosso, jogadores das
bases que só conhecemos quando começam a falar outra língua, presidentes que
não escolhemos.
Tudo isso tão bem retratado no vazio das arquibancadas e
aqui em Santa Catarina, no gesto obsceno do presidente da federação catarinense
para os torcedores do Avaí que o vaiaram.
Sem motivo, claro.
Afinal de contas, os obscenos somos nós.
Nós que comemos as sobras.
Nós, eternos apaixonados.
4 comentários:
Brilhante!
Beijo!
Saudações AvAiAnAs!
André Tarnowsky Fº
Oi KK, desculpa ter comentado via blog do André. É que abri e vi teu comentário de cara, então dei meu pitaco direto pelo blog do André.
Concordo com teu texto, mas minha questão é sobre a grande maioria que prefere um pijama ou ir na boa.
Isso sempre vai acontecer, mas o público médio está muito baixo.
Creio que a muitos tem verdadeiros motivos para não irem aos jogos, mas a grande maioria é por puro comodismo.
Não sou de criticar a atual diretoria, nem as anteriores e nem as próximas. Qdo faço crítica, prefiro fazer pontualmente sobre um ou outro fato que ocorre, da mesma maneira penso sobre os elogios.
Se o CS10 sai, o mundo cai de pau, mas se o M10 chega, em geral não ouvimos aplausos.
Acho errado esse tipo de atitude, mas cada um tem seu ponto de vista.
Novamente ressalto que não estou fazendo esta crítica a tua pessoa, faço para alguns torcedores.
Não sei se o Avaí já fez alguma pesquisa sobre o esvaziamento da Ressacada, ou se algum clube já fez esse tipo de pesquisa.
Se não o fizeram, creio que seria uma bela iniciativa.
Enviar questionários aos sócios, não sócios, ex sócios e ver um raio X sobre este assunto.
Poderia ser feito pelo próprio site e restringir o acesso pelo número da carteira, fazer entrevistas a não sócios em dias de jogos, no centro, por telefone...
Enfim, é por aí, acho eu, sei lá entende, talvez, quem sabe. :)
Abração
Concordo contigo, precisamos continuar indo ao campo. Mas precisamos tbém nos fazer ouvir. O Clube precisa saber como o torcedor se sente. Precisa perceber que o futebol vem se distanciando, por falta de transparência, dos torcedores.
KK, então concluo que neste caso as ideias são semelhantes.
Também gostaria, assim como coloquei anteriormente, ser ouvido, ter um canal onde pudesse me manifestar e ver uma torcida forte "no estádio".
O que discordo da grande maioria é o fato de exporem tanto e negativamente, o avaí.
Se estão certos nos seus pleitos, não sei, o problema que o alvo é o avaí, direta o indiretamente.
Não sou conselheiro, nunca fui, não conheço o presidente, nunca bati papo com ele.
Acho importante para a saúde do Avaí e do Zunino, que ele se afaste no final do ano.
Todavia o próximo presidente está sendo esperado da mesma maneira que os católicos aguardaram o Papa:
um sujeito bom, querido, humilde, inteligente, carismático, bom posicionamento político e por aí vai.
Vou torcer muito pelo futuro presidente, e espero que ele tenha capacidade pra conseguir tudo que esperamos dele.
Abração
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